quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Peripécias

É incrível a capacidade de moleques sempre serem moleques. Eu como um bom moleque que fui, tenho algumas histórias para contar e aqui vai mais uma. Era uma sexta-feira, eu tinha por volta de treze anos e na rua de casa havia uma pequena galera, éramos todos muito amigos, mas haviam também algumas garotas. Eu estava naquela idade de paquerar, namorar e era afim de uma das meninas da rua, porém o que me aconteceu neste dia reduziu amargamente as minhas chances.
Estávamos de férias da escola, então passamos o dia na rua entre brincadeiras, jogos de futebol, taco, rouba bandeira, etc e assim veio o anoitecer, o problema é que no verão em São Paulo normalmente a noite vem acompanhada de chuva e assim acabou nosso dia um pouco mais cedo. Muito criativos que somos até hoje resolvemos nos juntar para um jogo que só é jogado quando há algum interesse escuso, o Jogo da Verdade. Não sou muito bom em jogos mas adorava esse, principalmente porque a garota que eu era afim certamente participaria, era uma oportunidade de alguém me impingir o "castigo" de beija-lá, castigo que era corriqueiro.
Só havia uma regra, a cada três verdades um desafio, então para não dar bandeira pedi as três verdades, minha sorte mudou quando na hora de encarar o desafio, a pessoa que o escolheria era um amigo que era afim da mesma moça, claro que ele não ia mandar eu beija-lá, então já imaginei que teria que pagar um mico. Mas a sacanagem imperou e o mico virou um gorila, na verdade um King Kong, ele me pediu que corresse nu pelo quarteirão de casa, no meio da tempestade e para piorar eu tenho um certo problema com trovões.
Minhas escolhas eram bastante simples, aceitar o desafio ou apanhar de todos até eles cansarem de bater, eu posso ser muitas coisas mas burro também não né. Logo estava despido e pronto para iniciar minha jornada, contei - Um, dois, três! - e parti em disparada, abri o portão e subi a rua, só que errei na escolha do lado e acabei indo pelo com maior aclive, quando acabou a subida já não tinha pernas para correr, então passei a caminhar, nú em pelo. Ainda bem que chovia muito e tive a sorte de não cruzar com ninguém no caminho, seria encrenca certa. Completei a volta e entrei pelo portão, agarrei a primeira toalha e me sequei, logo estava de volta ao jogo. Essa passou.

Um comentário:

  1. Di vc tem que escrever mais suas historias são otimas... amo vc!!!
    Denise

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