domingo, 22 de agosto de 2010

Dia de Cão

Tem dias que realmente não sei por que me levanto da cama. Pra começar, vocês devem se perguntar o que eu faço da vida, na verdade neste momento estou disponível para o mercado de trabalho. E, como todo desempregado, estou à procura de um novo emprego, mas eu devia ter desconfiado que algo daria errado hoje.


Vejam, era uma sexta-feira e recebi um convite para um processo seletivo marcado para quarta-feira, como é dia do meu rodízio (não aquele gostoso, que se pode comer à vontade pagando pouco, mas sim aquele dia infernal da semana que você NÂO PODE SAIR COM SEU CARRO), combinei de ir de carona até o centro e de lá pegaria o metrô. Como na vida toda tudo que pode dar errado, acaba dando mesmo, na segunda-feira recebi outro convite para processo seletivo, graças a Deus, quero voltar a trabalhar logo, também na quarta-feira, sorte que os dois eram próximos um ao outro, mas não tão próximos, e a condução é algo que não existe em São Paulo, ainda mais se tratando de locomoção dentro de um mesmo bairro, então resolvi ir com meu carro e tentar de alguma forma burlar o bendito rodízio.

Saí de casa por volta das 08:30, o primeiro processo era apenas às 10:30, o que me dava uma margem de duas horas. Só que o Rô, como eu chamo carinhosamente, só acaba às 10h00min então na verdade minha margem de segurança não existia, eu tinha que pegar o Rodoanel e dar toda a volta em São Paulo para chegar lá, uma vez que a entrevista era no extremo sul e eu moro no extremo norte de São Paulo. Engraçado, o rodízio de São Paulo parece até político, sempre que tem uma oportunidade ferra você, mas enfim acabei chegando mais cedo do que imaginava, e daí começou o stress verdadeiro. A pessoa que me chamou para o processo me fez acordar cedo, dirigir quase a distancia entre São Paulo e Santos num dia mega frio, só para perguntar se eu tinha interesse na porcaria da vaga (a palavra não era bem porcaria, mas pode ter crianças lendo né). Juro que quase respondi “Não sua vaca, eu vim até aqui só pra ter o prazer de acordar cedo e pegar transito a toa”.

Segurei-me com a dignidade de um lorde e me contentei apenas com um “Sim”. Saí de lá por volta das 11h35min a próxima entrevista era às 13h00min e eu ainda tinha que encher o tanque, o meu não o do carro, correndo entrei no carro e saí em disparada. Destino: a primeira padaria, lanchonete, quitanda, ou carrinho de hot dog que aparecesse. Pensei, chego ao local da próxima entrevista e aí sim procuro um lugar para comer.

Nisso eu acertei, talvez estivesse muito faminto, pois achei aquela feijoada, a melhor que já pude degustar, o problema é que ela me sujou a gravata. Na hora de pagar outro calvário, como sou uma pessoa moderna, são raras as vezes que tenho dinheiro vivo no bolso e o restaurante estava “sem sistema” para pagamento em cartão. Pensei que tudo o que podia acontecer de ruim já tinha acontecido. Nunca estive tão errado na minha vida, procurei um banco, que só consegui encontrar depois de uns vinte minutos de caminhada, quando fui sacar, CARTÃO CANCELADO.

Pensei em todos os palavrões que já ouvira e inventei uns cinco, agora sim nada mais podia dar errado. Só que estava errado de novo, embora eu sempre tenha 1 folha de cheque para emergência, tive medo de ir direto ao caixa, após um diálogo comigo mesmo de aproximadamente três minutos consegui sacar o dinheiro usando o cheque. Voltei no restaurante, paguei a conta e resgatei a chave do carro, fui para a entrevista mascando chiclete, não tivera tempo de escovar os dentes.

Agora vem a pior, ou melhor, parte do dia. Lembram que quarta-feira é dia do meu rodízio? Pois então, o bendito recomeça às 17h00min e já eram 14h00min quando começou o processo. Teve aqueles clichês de processo seletivo e duas coisas que sempre, eu disse SEMPRE me irritam profundamente.

A primeira, preencher uma ficha cadastral com TODOS os dados que já constam no seu currículo, e a segunda, mas não menos irritante, fazer uma redação e testes de português e matemática. Poxa vida (olha o autocontrole nos palavrões), sou graduado é claro que sei escrever, e fazer contas de soma e subtração, mas o que realmente acaba com o dia é a redação, os temas são cada vez mais idiotas, dessa vez foi “A história da minha vida”, claro que nunca iria colocar as cagadas que já aprontei.

Por fim, depois de toda essa amolação, me vi livre e disposto a ir pra casa, só que já eram 16h45min, ou seja, eu tinha quinze minutos para sair do chamado centro expandido (uma área, muito grande por sinal, delimitada por algumas avenidas) e estava um trânsito danado e pensei, ”Agora Fu... Além da fezes de dia que eu tive, ainda vou tomar uma multa”, por sorte o GPS tem sistema de tráfego que evita as vias mais congestionadas e logo estava de volta no Rodoanel. Graças a Deus cheguei em casa.

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